Diferença entre os atuais tributos (PIS, Cofins, ICMS, ISS) e o novo IVA (CBS e IBS): o que muda na prática?
A Reforma Tributária brasileira está em andamento e promete transformar a maneira como empresas e consumidores lidam com os impostos no dia a dia. Uma das principais mudanças é a substituição de cinco tributos atuais por apenas dois, no formato de IVA – Imposto sobre Valor Adicionado.
Se você é empresário, contador ou profissional que lida com finanças, entender essa transição é essencial para se preparar. Neste artigo, vamos explicar as diferenças entre os impostos atuais (PIS, Cofins, ICMS e ISS) e os novos tributos (CBS e IBS), mostrando os impactos práticos dessa mudança.
📌 Como funciona hoje: o sistema atual de tributos
Hoje, a tributação sobre consumo no Brasil é considerada uma das mais complexas do mundo. Os principais tributos que incidem sobre bens e serviços são:
1. PIS (Programa de Integração Social)
• Tributo federal.
• Incide sobre o faturamento das empresas.
• A alíquota varia conforme o regime tributário (cumulativo ou não cumulativo).
2. Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social)
• Também federal.
• Semelhante ao PIS, incide sobre o faturamento, mas com alíquotas diferentes.
• Em conjunto com o PIS, é uma das maiores fontes de arrecadação da União.
3. ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços)
• Imposto estadual.
• Incide sobre a venda de produtos, serviços de transporte interestadual/intermunicipal e energia elétrica.
• Cada estado define suas alíquotas, o que gera grande diversidade e insegurança jurídica.
4. ISS (Imposto sobre Serviços)
• Imposto municipal.
• Aplica-se sobre a prestação de serviços.
• Cada município tem autonomia para definir suas regras e alíquotas (respeitando limites da lei federal).
👉 O resultado é um sistema fragmentado, burocrático e cheio de obrigações acessórias, que gera altos custos de conformidade para empresas e insegurança para o ambiente de negócios.
📌 O que muda com a Reforma Tributária: a chegada do IVA
A proposta da Reforma é substituir os tributos atuais por dois novos impostos, com base no modelo de IVA – Imposto sobre Valor Adicionado, já usado em diversos países. No Brasil, eles serão:
1. CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços)
• Tributo federal.
• Substituirá PIS e Cofins.
• Terá regras mais simples e um sistema de créditos mais amplo.
2. IBS (Imposto sobre Bens e Serviços)
• Tributo de competência compartilhada entre União, Estados e Municípios.
• Substituirá ICMS e ISS.
• A cobrança será no destino, ou seja, onde o bem ou serviço é consumido, e não mais na origem.
📌 Principais diferenças entre os tributos atuais e o novo IVA
Para entender melhor, veja o comparativo:
ASPECTO | SISTEMA ATUAL (PIS, COFINS, ICMS, ISS) | NOVO SISTEMA (CBS E IBS) |
---|---|---|
QUANTIDADE DE TRIBUTOS | 5 DIFERENTES, COM LEGISLAÇÕES PRÓPRIAS | 2 TRIBUTOS PRINCIPAIS |
COBRANÇA | PIS/COFINS NO FATURAMENTO; ICMS E ISS VARIANDO POR ESTADO/MUNICÍPIO | IVA SOBRE CONSUMO, DE FORMA UNIFICADA |
COMPLEXIDADE | ALTA, COM MÚLTIPLAS REGRAS E REGIMES | MENOR, COM REGRAS MAIS PADRONIZADAS |
LOCAL DE COBRANÇA | MUITAS VEZES NA ORIGEM (ONDE A EMPRESA ESTÁ) | NO DESTINO (ONDE O BEM OU SERVIÇO É CONSUMIDO) |
APROVEITAMENTO DE CRÉDITOS | LIMITADO, GERANDO ACÚMULO DE IMPOSTO (“EFEITO CASCATA”) | AMPLO, REDUZINDO DISTORÇÕES |
TRANSPARÊNCIA PARA O CONSUMIDOR | NEM SEMPRE CLARO | IMPOSTO DESTACADO NA NOTA FISCAL |
📌 O impacto para as empresas
A simplificação do sistema promete trazer ganhos de eficiência e previsibilidade, mas também exigirá adaptações. Veja os principais pontos:
1. Redução da burocracia
Com apenas dois tributos em vez de cinco, o processo de apuração tende a ser mais simples. Isso significa menos tempo gasto com obrigações acessórias e menor risco de erros.
2. Previsibilidade da carga tributária
A unificação tende a reduzir disputas judiciais e interpretações diferentes entre estados e municípios. Empresas terão mais clareza sobre quanto pagar.
3. Investimento em tecnologia e sistemas
A transição exigirá atualização de softwares de gestão e contabilidade, para se adequar ao novo modelo de apuração.
4. Impacto setorial
• Setor de serviços: pode sentir aumento na carga tributária, já que muitos hoje pagam ISS com alíquota baixa (2% a 5%).
• Indústria e comércio: devem ser beneficiados, pois o sistema de créditos será mais eficiente, reduzindo o “efeito cascata”.
5. Período de transição
A implementação será gradual, com coexistência dos tributos atuais e dos novos por alguns anos, o que exigirá atenção redobrada das empresas nesse período.
📌 O que empresários e contadores devem fazer desde já
Mesmo que a mudança seja implementada ao longo de alguns anos, é importante se preparar:
1. Mapear processos internos para identificar como os tributos impactam o negócio atualmente.
2. Atualizar sistemas contábeis e de gestão para acompanhar as mudanças.
3. Treinar equipes de contabilidade, fiscal e financeiro.
4. Acompanhar a regulamentação, que trará detalhes sobre alíquotas e regras específicas.
5. Revisar o planejamento tributário, considerando os possíveis impactos do novo modelo.
A transição do sistema atual de PIS, Cofins, ICMS e ISS para o modelo de IVA, com a criação da CBS e do IBS, é uma das maiores transformações já vistas no cenário tributário brasileiro.
O objetivo é simplificar, reduzir a burocracia e alinhar o Brasil a práticas internacionais mais modernas. No entanto, os impactos variam de setor para setor, e a adaptação exigirá planejamento, tecnologia e acompanhamento constante das mudanças.
Empresas que se prepararem desde já terão vantagens competitivas, pois estarão prontas para enfrentar a transição de forma mais tranquila e eficiente.
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